O ponto de partida foi a visualização conjunta de um episódio da série Black Mirror, mais concretamente o epsódio Arkangel (S04E02), cuja pertinência discursiva nos pareceu evidente. Ao colocar em cena a vigilância parental elevada ao extremo, o episódio desafia-nos a pensar nas fronteiras entre proteção e controlo, entre cuidado e opressão — a cultura digital e tecnológica. A escolha da série também não foi inocente: Black Mirror tem-se afirmado como um dos objetos culturais mais relevantes para pensar criticamente os impactos da tecnologia no tecido social contemporâneo.
A atividade teve duas fases. A primeira envolveu a visualização assíncrina do episódio e um momento de partilha pós-fílmica entre colegas com diferentes percursos e experiências. A segunda decorreu no dia seguinte, num encontro online com participantes da NHL Stenden. Essa sessão de discussão abriu espaço a leituras diversas, atravessadas por experiências culturais distintas, que enriqueceram profundamente o debate. Foi particularmente interessante perceber como a ficção científica, tantas vezes encarada como entretenimento, pode servir de catalisador para reflexões éticas, sociais e filosóficas. Vários tópicos emergiram com força nas discussões, tais como:
- o modo como as experiências pessoais influenciam a leitura da ficção;
- a importância da liberdade e da autonomia individual;
- o papel da cultura tecnologica na constituição do sujeito e na estruturação das relações sociais;
- a urgência de um olhar atento e crítico sobre a forma como os direitos humanos são (ou não) respeitados no contexto digital.



William Cantú teaches at the Department of Arts, Creativity and Culture at the Polytechnic University of Leiria and at IADE. His research is situated within the fields of cultural studies, trend studies, and visual culture, with a particular interest in critically examining how culture functions as a landscape for meaning-making, negotiation, and identity construction. His work explores the intersections between socio-cultural formations, creative practices, and aesthetic discourse, focusing on the cultural analysis of how meanings are produced, shared, and contested within emerging cultural representations.
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