O ponto de partida foi a visualização conjunta de um episódio da série Black Mirror, mais concretamente o epsódio Arkangel (S04E02), cuja pertinência discursiva nos pareceu evidente. Ao colocar em cena a vigilância parental elevada ao extremo, o episódio desafia-nos a pensar nas fronteiras entre proteção e controlo, entre cuidado e opressão — a cultura digital e tecnológica. A escolha da série também não foi inocente: Black Mirror tem-se afirmado como um dos objetos culturais mais relevantes para pensar criticamente os impactos da tecnologia no tecido social contemporâneo.
A atividade teve duas fases. A primeira envolveu a visualização assíncrina do episódio e um momento de partilha pós-fílmica entre colegas com diferentes percursos e experiências. A segunda decorreu no dia seguinte, num encontro online com participantes da NHL Stenden. Essa sessão de discussão abriu espaço a leituras diversas, atravessadas por experiências culturais distintas, que enriqueceram profundamente o debate. Foi particularmente interessante perceber como a ficção científica, tantas vezes encarada como entretenimento, pode servir de catalisador para reflexões éticas, sociais e filosóficas. Vários tópicos emergiram com força nas discussões, tais como:
- o modo como as experiências pessoais influenciam a leitura da ficção;
- a importância da liberdade e da autonomia individual;
- o papel da cultura tecnologica na constituição do sujeito e na estruturação das relações sociais;
- a urgência de um olhar atento e crítico sobre a forma como os direitos humanos são (ou não) respeitados no contexto digital.
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