Hoje trago-vos um artigo de opinião que escrevi para a rúbrica O Conhecimento ao Serviço da Sociedade, do jornal Diário de Leiria, no início deste ano. No texto, falo sobre como as tendências culturais podem ajudar a estimular a criatividade, algo que considero essencial num mundo em constante mudança. No artigo, explico como estar atento às mudanças à nossa volta (aos sinais de tendências) nos permite encontrar novas soluções e ideias, tornando a nossa sociedade mais inovadora e conectada. Partilho o texto na íntegra a seguir.
Um abraço a todos.
Potenciar a Criatividade através de Tendências Culturais
Num período de rápidas transformações e perante uma multiplicidade de culturas, gostos e estilos de vida, a resiliência torna-se imperativa. Adaptar-se às mudanças é importante, mas é igualmente necessário manter as ideias em fluxo constante e a criatividade em contínua evolução. A criatividade, de uma forma tangível, tem origem na constante transformação e mudança em todos os níveis da sociedade. Estimular a imaginação das pessoas é fundamental para desenvolver práticas criativas que, por sua vez, retroalimentam a transformação e a inovação sociocultural, de modo contínuo. Desmistificar a ideia de que apenas aqueles ligados às indústrias culturais e criativas possuem o dom da criação é essencial. Ser criativo significa explorar novos caminhos por meio das mudanças sociais e descobrir novas formas de se conectar com o mundo e com os outros. Isso implica trazer um olhar atento sobre tudo o que fazemos, procurando soluções alternativas para rotinas ou questões quotidianas. A pesquisa de tendências reflete sobre o entendimento da sociedade e dos seus padrões culturais. Vários eventos impactantes moldam a sociedade, levando-nos a agir de maneira diferenciada e constante, seja a sustentabilidade, a tecnologia ou o conceito de nostalgia. A busca por identidade, expressão e narrativas que promovem a conexão em comunidade só é possível numa perspetiva multidisciplinar, onde o cruzamento de áreas e saberes ocorre de forma fluída. Inovar não exige métodos complexos ou elevados investimentos, basta aguçar a curiosidade e compreender que a cultura e o desenvolvimento cultural constante são forças que desempenham papéis centrais na inovação e na criatividade. Mapear comportamentos, atitudes, valores e mentalidades é crucial para estabelecer pontos de conexão na cultura circundante. Para além disso, entender padrões e desdobramentos na cultura é igualmente fundamental. A capacidade de perceber mudanças culturais que se traduzem em tendências deve ser valorizada e deve ser considerada como uma habilidade essencial para o futuro. Nesse contexto, a UNESCO destaca o programa Futures Literacy, que promove o pensamento reflexivo sobre o futuro e promove métodos baseados no pensamento estratégico a longo prazo, de forma a pensarmos e refletirmos sobre soluções e caminhos para o desenvolvimento humano, o que pode ser feito através da análise estratégica de tendências culturais. Compreender as tendências não é apenas uma habilidade valiosa, mas uma necessidade premente nos dias de hoje. Ao reconhecermos a importância de estar em sintonia com as mudanças à nossa volta, podemos cultivar a criatividade, promovendo não apenas a inovação, mas também uma sociedade mais dinâmica e conectada. Nesse sentido, ser criativo não está apenas relacionado com o estímulo da imaginação, mas sim com a capacidade de ter experiências ricas e diferenciadoras no mundo, percebendo que o imaginário criativo muda com os tempos. Ser criativo é ter entusiasmo, é ter curiosidade e é procurar sempre fazer mais, mesmo quando já temos o suficiente.William Afonso Cantú
Professor da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria
Doutor em Estudos de Cultura
Diário de Leiria, 03/01/2024
Professor da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria
Doutor em Estudos de Cultura
Diário de Leiria, 03/01/2024


William Cantú teaches at the Department of Arts, Creativity and Culture at the Polytechnic University of Leiria and at IADE. His research is situated within the fields of cultural studies, trend studies, and visual culture, with a particular interest in critically examining how culture functions as a landscape for meaning-making, negotiation, and identity construction. His work explores the intersections between socio-cultural formations, creative practices, and aesthetic discourse, focusing on the cultural analysis of how meanings are produced, shared, and contested within emerging cultural representations.
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